sexta-feira, janeiro 27, 2012

Coisas que não entendo...

Ontem eu estava falando com uma amiga sobre religião. Um assunto que eu pouco discuto, porque eu acredito que cada um tem sua fé, ou falta dela, e se a pessoa viver feliz assim que tudo esteja bem. Mas não me impediu de pensar hoje sobre a expectativa que muita gente coloca no céu.

Acredito e me atrevo a dizer que, dentre as que acreditam, a maioria das pessoas quer ir para o céu. Elas querem ir para esse lugar melhor onde teoricamente não há tristeza, não há guerra, não há fome ou pobreza. Onde todos são felizes e convivem em plena harmonia. Onde apenas as pessoas boas iriam. Onde poucos teriam realmente o direito de viver. Atualmente, eu diria que o céu poderia ser do tamanho de uma pequena vila, e nem assim ela estaria cheia o suficiente.

Contudo, muita gente, mesmo em suas crenças, acredita que tem as características para alcançar esse bônus da vida depois da própria morte. Mesmo aquelas que discriminam os outros em nome do que acreditam, ou que pecam em segredo, mas mantém a postura do impecável, desde que se arrependam depois, ou por sua própria consciência ou pelo medo, não estou aqui para julgar o arrependimento alheio.

Então vamos lá, digamos que não precise de muito para se entrar no céu. Digamos que alguns pequenos pecados são perdoados, desses do tipo o ódio justificado pela religião e por aquilo que é "condenável". Desses que só acreditam no perdão de seus próprios erros, mas que ignoram a compreensão aos erros alheios. Se essas pessoas merecerem o céu, e muitas acreditam que sim apenas porque estão semanalmente, ou mais, em seus cultos e missas e reuniões, então qual seria a diferença entre ele e o mundo que vivemos hoje?

A grande pergunta é: Por que esperar morrer para ser bom? Por que esperar morrer para não fazer uma guerra? Ou então para poder perdoar? Porque se todo mundo que estiver aqui, exceto aqueles que não fazem questão, forem para o céu, então não terá grandes diferenças do que temos hoje. Aliás, terá uma diferença: O céu não terá algumas ótimas pessoas. Afinal nem todas as pessoas boas são religiosas, e nem todas as pessoas religiosas são boas de verdade.

Já cansei de ouvir que o inferno é aqui, mas o inferno é aqui porque nós fazemos assim. O paraíso também terá grandes chances de virar um inferno, tudo dependerá das pessoas que irão viver lá. Nós humanos temos que perder a mania de querer as coisas boas sem nos esforçar de verdade para tê-las. Então, eu realmente não entendo porque esperar a morte para ter o céu, se com um pouco de esforço nós poderíamos tê-lo bem aqui, e para todos, não apenas para alguns.

Apenas por curiosidade: Eu sou católico, eu realmente acredito em deus, eu gosto da bíblia, mas nem por isso deixo de questioná-la, e principalmente, eu respeito quem acredita em qualquer outra coisa diferente. Até porque eu gosto que respeitem o que eu acredito, e por isso raramente alguém me vê falando sobre religião.

quarta-feira, janeiro 25, 2012

Algo que não precisa ser racional...

medo

é como se sem ele a gente fosse se afastar ao ponto de nós tornamos meros conhecidos.

é como se sem ele eu não tivesse mais desculpa para te procurar.

é como se sem ele você não tivesse motivo para falar comigo.

é como se sem ele não existisse nós.

9 meses antes...

Atrasado no trabalho
Atrasado no estudo
Atrasado no lazer
Atrasado na vida

Por que eu nasci?

quinta-feira, janeiro 12, 2012

First

Esses dias eu estava pensando. Aliás, férias me fazem pensar muito, acho que tem relação com o ócio do tempo. Mas voltando, estava pensando como sempre em amizades e amigos e pessoas importantes e tudo mais. Eu tinha até um texto perfeito, mas estava na cama e dormi e esqueci grande parte dele.

Bom, enquanto pensava conclui que amizade nada mais é do que você permitir que alguém lhe faça mal. É você pegar tudo que existe dentro de você, do mais frágil ao mais obscuro e simplesmente dar de presente para outra pessoa. Por isso sempre fiz uma relação muito forte entre amizade e confiança. E como sou um desconfiado convicto, daqueles que demora a realmente confiar em alguém, percebi que tenho menos amigos do que imaginava.

Ter amigos é deixar que alguém te decepcione e te machuque com mais facilidade. É como se sua vida fosse um pequeno objeto e estivesse na mão de todas as pessoas do mundo, mas apenas seus amigos conseguissem quebrá-la. Não porque eles sejam mais fortes, mas porque eles conhecem melhor cada ponto fraco do que eles têm na mão.

A confiança é um mérito, e por isso eu a valorizo tanto. A confiança é algo que se conquista com muita dificuldade, mas se perde com muita facilidade. Ela é frágil. E não deixa de ser um risco, porque você nunca tem total certeza do que podem ou vão fazer. Você nunca tem certeza e mesmo assim você segue em frente. Por isso eu me culpo, porque eu assumo um risco.

Por isso eu me culpo quando alguém me fez mal, porque sinto que a culpa é minha por ter permitido que isso acontecesse. Porque se não fosse por mim, nada daquilo teria algum efeito real sobre mim. Se não fosse por mim, eu não me abalaria por qualquer atitude que fosse. Afinal, eu não me importaria.

O que me lembra que acho engraçado quando as pessoas dizem que sou calmo demais. Tão calmo que pareço não me importar. Mas não tenho medo de dizer que muito da minha calma está justamente em me importar demais. E esse talvez seja um grande defeito meu. Não nego, e espero não ofender ninguém com isso, quando digo que eu queria me importar menos.

Não deixa de ser um pensamento que também vale para questões amorosas, mas eu não consigo separar amor de amizade. Acho que eles precisam andar juntos para dar certo, e por isso acredito que ambos tem o mesmo potencial de ferir. Afinal, permitir que alguém entre na sua vida de tal maneira, nada mais é do que abrir a guarda para tudo de bom que pode acontecer, como para tudo de ruim que também é possível.

Então, se você leu isso daqui e está pensando que eu não aconselho ninguém a ter amigos, sinto lhe informar que você não entendeu uma linha. Se você entendeu que você deve escolher melhor seus amigos, bom, não está ruim, mas já é um começo. Agora, sobre o que você deveria entender eu vou deixar em aberto, porque cada um entende como quer, a grande questão é que eu já dei exatamente os caminhos a não seguir sobre o que eu quis dizer.

O mais estranho é que eu não preciso que algo me aconteça diretamente para que eu crie um mecanismo de defesa em relação as pessoas. Eu sempre tive o habito de observar muito e me manter calado. Eu nunca me achei especial, então, eu nunca espero que alguém me trate diferente, no minimo, não para melhor. Observar me ajuda a saber o que esperar.

Talvez seja um trauma de infância, talvez seja apenas paranoia da minha cabeça. Eu nunca fui o último a ser escolhido quando todo mundo separava os times durante os jogos, e isso me deixa feliz. Contudo, ao mesmo tempo, a medida que a vida passa eu percebo que também nunca sou a primeira opção.

Obviamente, eu jamais faria isso com qualquer pessoa. Acho que perguntar "você prefere x ou y?" é absurdo. É ruim para mim, e para qualquer outra pessoa que esteja envolvida ou passe por uma situação parecida. Ruim porque é desagradável e ruim pelo medo. Um medo misturado com certeza.

Por isso eu digo que sei que muita gente gosta de mim. Não duvido disso, mas também sei que amigos mesmo eu tenho poucos. Não reclamo, conheço muita gente que parece ter muitos, mas no fim não tem nenhum. Quantidade não faz qualidade.

Só espero que um dia eu me sinta primeira opção, e não necessariamente isso será romanticamente falando, caso ainda não tenha ficado claro. E se eu tenho uma primeira opção? Bom, talvez, eu acho que no fundo todo mundo têm.

Eu queria escrever mais sobre isso, eu precisava escrever mais sobre isso e explicar porque eu fiquei pensando tantos dias nesse assunto, mas fica para uma continuação.