domingo, fevereiro 20, 2011

Eu nem gostava tanto de Paralamas

Um convite inesperado em um sábado a noite. O show começa e eu conheço algumas músicas, mas não todas. Estava cercado de pessoas estranhas, todas interessantes, todas com boas histórias e coisas para contar. Todas curtindo o mesmo momento.

Então no meio de uma música você chegou. Chegou porque uma amiga sua insistia em ficar o mais perto possível do palco. Nós estávamos próximos ao palco, mas ainda havia chance de ir mais para frente. Vocês desistiram. Vocês ficaram parados ao nosso lado, e nos olharam como pedindo desculpa por entrar naquele pequeno espaço apertado. Eu e minha amiga olhamos de volta e demos de ombros e rimos e continuamos assistindo. Vocês também riram, e então se soltaram.

Eu nunca tinha ido a um show do Paralamas do Sucesso, mas eu conhecia músicas o suficiente para não ficar em silêncio. Você também não parecia conhecer todas, mas estava feliz e pulava e cantava e agitava os braços no ar. Você se soltava e batia palmas, eu também. Todos aplaudiam no fim de cada música, ou no meio de algumas delas.

As luzes iluminavam seu rosto. Cada cor diferente mostrando algo novo em você. Você sorria e aproveitava cada música. Você sorriu durante toda apresentação. E eu ficava olhando do palco para as pessoas próximas e sempre acabava em você. Eu sempre tive mania de olhar tudo ao redor, e ver a expressão das pessoas em momentos de euforia. É algo bonito, é algo que faz bem. Terminar em você me fazia muito bem.

Mesmo as horas em que alguém tentava passar e você sumia no meio da multidão, e as pessoas a volta mudavam, vocês voltavam. Vocês sempre voltavam ao nosso lado.

Percebi em um momento que você fechou os olhos e sentia a música. Eu mesmo já tinha feito aquilo alguns minutos antes. De olhos fechados sentindo as vibrações das batidas, sentindo as notas, percebendo os flashes de luz invadindo meus olhos por trás do escuro. Me senti dividindo algo contigo.

E eu pulava e gritava. E todos pulavam e gritavam. E você pulava e gritava. E você gostava daquilo. E exatamente por você não conhecer todas as músicas, ao contrário dos seus amigos, eu achava que você gostava do mesmo jeito que eu. Era como uma novidade vibrante.

Então acabou. Todos começaram a dispersar, minha amiga e eu resolvemos esperar a multidão sair. Vocês também esperaram. O dj começava a tocar e vocês estavam dançando. Poucos segundos depois minha amiga me chamou para ir embora, ela estava cansada, nós estávamos cansados. Começamos a caminhar no meio das pessoas. Eu ainda olhei para trás para ver seu rosto pela última vez, mas você estava de costas e essa foi a última visão que tive de ti.

Não trocamos uma palavra, não sei seu nome ou quem você é. Não sei o que gosta ou o que faz. Sei apenas que estava lá. Sei que estava feliz. Provavelmente eu nunca mais te veja, talvez um dia eu esqueça seu rosto, mas eu nunca vou esquecer de quem fez meu primeiro show do Paralamas do Sucesso ser inesquecível.

3 comentários:

Emerson disse...

haha que viagem! E ah, Paralamas é legal =)

Fla! disse...

ok, isso só prova que nós somos parecidos. Mais do que eu imaginava. Consegui me colocar exatamente na situação. E como é bom achar alguém que te faz bem sem nem mesmo você conhecer ou ela saber o bem que te faz. Fico feliz que teu show tenha sido bom. e feliz de você ter tido essa sensação que eu sei que você teve.

Saudades lindo

Beijos

Unknown disse...

Holy crap baby boy, holy crap. Você idealizou e isso foi a pior coisa que você fez na vida. Não aconselho isso a ninguém, ainda mais nesse tipo de caso.