Existe um amistoso café-restaurante no Rio de Janeiro, Lamas, tão antigo quanto minha avó poderia se lembrar. Exceto que talvez ela nunca tenha ido. Frequentado por artistas, personalidades, e vários clientes carimbados desde a época em que os séculos ganharam sua maioridade.
Seu ambiente é engraçado, mantendo grande parte da construção original. Paredes forradas de uma madeira escura, aquelas cadeiras e mesas quadradas com toalhas extremamente brancas e um excesso de talhares, lustres com cristais antigos e uma iluminação precária. Os garçons em geral parecem ser os mesmos desde a fundação. Fazem parte da casa os cabelos brancos desfilando com suas bandejas e gravatinhas borboleta.
Alguns dizem que o local perdeu parte do charme com a lei anti-fumo. Eu apenas acho que ele perdeu uma nuvem de fumaça que permanecia no alto e ganhou um novo teto, o qual eu nunca tinha reparado que existia.
Mas mesmo assim eu ia com família ou amigos de vez em quando, principalmente aqueles que tinham curiosidade de conhecê-lo, apenas para me lembrar porque eu não o frequentava mais vezes. Então quando essa lembrança sumisse eu poderia ir novamente, sem problemas, até que a sensação ficasse novamente fresca em minha memória.
Alguns lugares parecem ter esse poder sobre nós.
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