Ignorem o fato de que eu não tenho mais férias em julho desde algum tempo. Ignorem o fato de que agora eu tenho um ipod que eu uso apenas um décimo da capacidade. Ignorem tudo e me deixem.
Lembro das épocas que eu ia todas as férias duas vezes ao ano para São Paulo. Passar lá um mês ou mais. Onde ficava na casa dos meus primos. A rua era sempre cheia de crianças e adolescentes. Quase não passava carros, montávamos uma rede de vólei no meio da rua e xingávamos qualquer raro carro que atrapalhasse nosso jogo.
Lembro que após isso todos sentavam na calçada e ficavam conversando até duas ou três horas da manhã, e isso era um grande feito, até mães e tias começarem a surgir e nos puxar para dentro. Lembro dos amigos, das risadas, dos tombos em patins que eu nunca soube usar. Das corridas de bicicleta, dos tombos nessas mesmas bicicletas. Das vaquinhas para ir ao mercado comprar refrigerantes e biscoitos. Muitos biscoitos, e eu nem gostava tanto de biscoitos. De sentir saudades desses amigos de férias.
Então eu voltava para casa no fim, perto do dia 30 de julho sempre, afinal eu ainda precisava me adaptar ao ritmo normal antes das aulas começarem. Então eu entrava no ônibus, que era absurdamente mais barato do que avião, economizava o dinheiro do avião que meu pai me dava, gastava tudo em São Paulo, e pegava o 1001 com ar-refrigerado. Era o Rolls-Royce dos ônibus de viagem. Tinha tv e lanchinho. Lanche melhor até do que os atuais dos aviões.
Lembro que apesar da economia o tédio ainda era grande quando se tem 6 horas de viagem. Então eu pegava meu diskman ultra moderno e ficava ouvindo meus cds, que travavam quando o ônibus pulava. Com grandes e potentes fones, cantando alto porque a gente perde a noção que não está sozinho e se empolga.
Lembro de uma vez em especial que esqueci todos os meus cds em casa. Exceto aquele do Space Jam, sim do filme do Pernalonga, que tinha ficado lá dentro. Ele era interessante por ter adoráveis sessenta e um minutos de música aproximadamente. A solução na minha mente, que não podia usar relógio de pulso por alergia, foi ouvir aquele cd seis vezes seguidas, para saber que estava próximo de chegar em casa.
Bons tempos.
2 comentários:
Ah Bru,
Como era bom ter férias de julho. Seu post me fez lembrar a época em que eu também tinha isso tudo - incrivelmente parecido com o que você descreveu inclusive - e que eu ainda achava tempo pra reclamar que o tempo era pouco e que passava rápido.
Adoro saber que não sou só eu que sinto saudades de tudo isso e de uma época mais fácil.
Sempre gosto do que você escreve.
Saudade de você.
Beijos
eu sei muito muito bem como é isso.
<3
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