Sinceramente, talvez nem você devesse ter essa carta direcionada, mas mesmo ainda gostando de você, mesmo que eu não sinta raiva ou rancor ou nada do gênero, principalmente por não haver motivo. Eu consegui pensar em você em um momento aleatório, consegui pensar em você como alguém que me deixou chateado e fez eu me auto questionar muito por um longo período.
Só por isso eu já deveria te admirar e te agradecer ainda mais, e realmente o faço, mas também não posso deixar de ficar triste. Afinal, eu sempre quis ser seu amigo, e sempre me esforcei demais para tal. Sempre. Talvez esse esforço em excesso que tenha atrapalhado tudo.
Eu sempre tratei todos bem. Sempre me esforcei para que gostassem de mim. Sempre fui legal com as pessoas, contigo incluso, principalmente contigo, porque eu realmente queria ser seu amigo. Eu admirava você, e achava engraçado, inteligente, e você falava coisas que eu sequer poderia imaginar ou teorizar, e acabava concordando com quase tudo no fim. Eu queria te acompanhar, queria ser como você, queria ter uma imaginação como a sua, ou simplesmente, queria pensar em coisas que fizessem você também me enxergar como alguém legal, como um amigo, como um dos seus.
Talvez eu ainda não tivesse essa capacidade, talvez ainda não tivesse muita noção, talvez eu ainda nem tenha, mas eu me esforçava para estar ali, me esforçava para agradar e muitas vezes era ignorado. Chegava a invejar os seus amigos, aqueles que você procurava, porque eu queria ser um deles, e me perguntava o que havia de diferente. O que eles tinham que aparentemente eu nunca chegaria a ter.
Eu sempre estava ali disponível para ajudar, para opinar, para ver algo novo que você tinha feito, uma foto, um texto, ou simplesmente para te ouvir, para você poder desabafar. Mas nunca era o suficiente e eu nem conseguia te culpar. Como ainda não consigo, até porque eu nunca o farei.
Eu obviamente ainda não compreendo, isso seria pedir muito, contudo tenho plena consciência que sentimento, mesmo de amizade, não é algo que se controla. É simpatia, é inexplicável, tem que ser recíproco, tem que acontecer. Você não pode gostar de alguém simplesmente porque ele também gosta de você. Não acontece assim, por mais que eu quisesse.
Não importa. Eu continuo tratando os outros bem. Continuo tentado ser legal com todos, inclusive aquelas pessoas que eu não sinta algo tão legal e profundo quanto à amizade, porque eu sei como é ruim você querer ser amigo de alguém e não conseguir, e simplesmente ser esnobado e se perguntar o que você fez de errado.
Não vou chegar a dizer que uma das minhas principais características eu aprendi com você, porque eu sempre fui assim, mas posso dizer sem medo, que a idéia amadureceu muito contigo, porque ali eu percebi que realmente machuca você admirar e querer ser amigo de alguém, mas não sentir nem um esforço vindo do outro, não receber atenção.
Eu sabia que bastava eu me afastar para você sumir, por isso faz muito tempo que não tenho noticias suas, mas é certo que quando eu me lembro de ti fico feliz. Só consigo realmente lembrar o que eu gostava em você. Parece que apesar de tudo eu ainda te respeito muito.
Mesmo depois de tanto tempo. Se a gente se conhecesse hoje talvez eu fizesse tudo diferente, ou não.
Um comentário:
Bru, você pegou sem duvida o que eu teria mais dificuldade de escrever. Provavelmente porque ficaria com medo de parecer rancorosa e de mostrar aquelas fraquezas que todos temos quando falamos de pessoas que nos magoaram.
Talvez seja por isso que eu gostei tanto. Você escreveu sem rancor, sem tristeza, sem medo de parecer fraco. Você escreveu lindamente sobre algo difícil e fez isso sem julgar o outro, sem apontar o dedo e dizer "você me fez sofrer e merece sofrer por isso." Você apenas expôs algo e de maneira clara e tão sentimental.
Nem sei se me fiz clara, mas é que eu realmente achei algo bonito você escrever justamente esta carta de maneira tão leve e bonita.
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