Espere a noite chegar e vá até sua janela. Depois que abrir as cortinas olhe atentamente para cada ponto luz na terra. Ignore por um instante as estrelas e a lua. Olhe apenas em frente as milhares de luzes que iluminam a noite.
Imagine que por baixo daqueles milhares de pontos brilhantes existem uma, duas, três ou mais vidas. Cada um com suas alegrias, tristezas e problemas. Cada um vivendo conforme sua própria consciência. A grande maioria não te conhece, não sabe quem você é, ou sequer se importa contigo.
Poucos se importam com o que te acontece, ou deixa de acontecer. Exceto é claro que seja algo muito grave e se torne publico, então todos se importam. A maioria dos problemas graves e difícil saida são comuns a todos. Então é mais fácil alguém se identificar, ou temer que lhe aconteça o mesmo, e assim se importar.
Olhe de novo e pense em quantos ali você ajudaria. Quantos você já dedicou sua atenção ou mesmo se importou. Quantos você já não xingou mentalmente por algum inconveniente. Ou quantos você elogiou por alguma aleatoriedade.
Agora pense nas luzes que sua visão não alcança. Ou nas que estão apagadas devido a madrugada. Pense. Pense em cada uma. Em cada vida, em cada conflito, em cada sorriso, em cada tristeza e no que cada um fez por você para que você sorrisse, chorasse ou vivesse.
Pense em quantos você conhece, quantos você ainda quer conhecer, quantos você não faz questão, quantos você sabe o nome, quantos você agradeceu e quantos você sorriu pela manhã mesmo em um dia de chuva.
Faça isso um dia. Não hoje e nem amanhã. Apenas quando o tempo e o sono lhe permitirem. Assista na janela até todas as luzes se apagarem e o dia ficar claro. Até o sol nascer, e tudo se transformar em uma coisa só, uma coisa maior. Mas comece pela noite, porque é nela que tudo se destaca e as coisas aparentam ser mensuráveis.
Fazer tudo isso não tem um real significado. Nada especial, mas já é um bom para começar a entender o problema do mundo.
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